" O meu fogão tem as bocas invertidas. Quando tento acender a primeira trempe, a de trás é a que ascende. Mas isso não importa. O que importa é que a caneca de aço inox já está cheia de água e esse momento é um momento de reflexão pra mim. Tenho duas lâmpadas fluorescentes iluminando a cozinha, mas gosto de deixar a luz natural das cinco e quarenta da manhã ser a única responsável pelo conforto visual do ambiente. A chama do fogão, o reflexo do inox e a madrugada terminando.
Eu não entendo de pássaros, mas eu gosto de ouvi-los logo cedo. Voar seria uma boa opção nos meus dias atuais. Cortar caminho rumo a algum bosque, mato, sei lá, qualquer lugar em que o mundo a minha volta não grite tanto. Mas não dá, pelo menos por agora.
Então, eu vou vivendo essa rotina, cafezinho a cafezinho, esperando o meteoro que vai destruir o planeta. Mais fácil esperar um meteoro do que o entendimento coletivo. "
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