segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O dia em que o Anjo apareceu... ( libertação humana)


                Foi com grande espanto, que a raça humana recebeu a notícia daquela que seria a maior dúvida de sua história desde que o homem saiu das cavernas e começou a utilizar o Google: Existia sim, Vida após a Morte.  Cientistas, astro físicos, pastores, padres, terroristas, todos foram pegos de assalto pela aparição de um anjo chamado Ananias.
                Ananias rompeu o véu de mistério que cobria os pensamentos e posturas da raça humana de uma maneira nada usual. Não se empenhou em um discurso como líder mundial (sabe se lá de qual mundo). Valeu-se do sobrenatural para explicar que era natural a existência de outro plano, tão sólido quanto à cidade de São Paulo ou quanto às roças do inteiro de Minas.  Apareceu simultaneamente em vários pontos do globo, não de maneira televisiva. Apenas se materializou e ponto.
                Enquanto o Pastor Adamastor rasgava os trinta e seis alto falantes da igreja protestante na qual era orador, Ananias se revelou descendo do Painel de vidro logo acima do púlpito, gritando: -Mentirinha! As coisas não funcionam assim, e o senhor está em nosso Serviço de Investigação por tirar das pessoas o pouco dinheiro que tem. Não se deve fazer caridade pra instituição com a barriga vazia seu Pastor!
                Em uma catedral gótica, um gordo padre de feições rosadas rezava em latim, certa passagem bíblica, para “encorpar” sua celebração. Ananias pula faceiro de dentro do cálice de vinho, e grita! – Pode parar com o teatro... Nesse exato momento o senhor recebeu um sms confirmando a festa com os loirinhos poloneses mais tarde! E a última coisa que vocês usam por lá, é língua a língua morta. A propósito, com o valor gasto nessa marca de vinho, você poderia ter comprado um vinho mais acessível à humildade proposta pela sua ordem religiosa e com o restante, ter comprado algumas caixas de leite para o seu rebanho mais humilde...
                E não houve sequer na Terra aquele dia, um ser humano que não recebesse a visita de Ananias.  Foi do pemba ao templo budista.  Desmistificou a crença humana em seus vários deuses e suas várias posturas: Para as mais sinceras, ele parabenizou, e para os enganadores, o processo de desmoralização derradeiro: Existia o outro lado, e eles não seriam dignos.
                Cientistas descobriram, com a ajuda da Equação de Seth (rabiscada em um papiro muito antigo e presenteada pelo anjo), que a realidade era dividida em planos, e que esse nosso plano era inabitado até ser semeado pelo Criador. Ele não fez o homem a sua imagem e semelhança, porque como toda Entidade, ele era lindo demais pra ser copiado e era único, então botou em um macaco um pouco mais de capacidade e deu a ele a capacidade de (ao contrário do que muitos pensam, não foi o livre arbítrio) ser burro por opção.   Daí criou coisas maravilhosas, como memória RAM e a Santa Inquisição. Matou semelhantes como nunca, em nome do Criador, que sequer sabia o que estava acontecendo nesse plano específico, graças a uma tempestade cósmica interdimensional que embaralhou os canais de comunicação com seus diversos universos. Pensara que, sua criação era dotada de inteligência suficiente para coexistir, mas se enganou.
                Vendo que sua obra iria ruir, permitiu a entrada de Ananias na Terra e pediu que fosse revelada ao Homem, a existência do Divino.
                Nesse dia, constatou-se outra verdade: O Inferno também era real. Ananias explicou que a presença vital deveria ser reciclada de tempos e tempos, e que a imortalidade do corpo era vedada ao macaco inteligente: eles conseguiam adiar o processo seletivo da morte, mas logo essa retificava o edital e levava seus candidatos sorrindo com um charuto na boca. E que assim seria.  Quem não se adaptasse  a esfera celestial, seria despachado para um lugar mais chato chamado Inferno.  O Inferno não era muito interessante, apenas isso foi revelado.
                E assim foi se reformulando a humanidade. Com menos guerra, violência e mentiras, o macaco inteligente prosperou. Pura e simplesmente por entender, que independente do nome que esse criador recebia, ele era o dono da bola, e só jogava partida quem concordasse com ele. Entre o medo da rejeição e do Inferno e a aceitação no paraíso parecido com uma cidade grande, o homem progrediu, mais justo, menos pilantra e mais ciente de que é apenas um animal com a sorte de escolher ser burro ou não. 

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