Talvez o caro leitor ou leitora venha a me agraciar com a alcunha de “piegas” ao termino da leitura dessa coluna, por defender que o amor fluía com mais facilidade pelas veias humanas nos tempos de nossos pais, mas antes peço encarecidamente que absorva a seguinte frase dita por um gênio do pensamento pós moderno:” Em terra que mulher venera Mister Catra, Casanova morre sozinho”. Não, jamais passaria por minha cabeça generalizar as mulheres muito pelo contrário.
Agora a grande verdade é que nos tempos de nossos pais, mesmo não possuindo celulares, redes sociais e tantos outros meios que facilitam a comunicação, ações românticas ocorriam com muito mais freqüência. Sempre que posso, entre uma cerveja e um papo amigo com meu grande ponto de referência em questões afetivas, meu pai, peço a ele para contar aquela que para mim foi uma das maiores provas de amor da qual tive noticia nesses 30 invernos que abraçam minha vida: Ele comprava uma revista dessas de palavras cruzadas, fazia e depois desmanchava totalmente, atravessava a rua, e entregava a revista para minha mãe. Puro e simples. Sem dinheiro, ele e minha mãe dividiam até um pão de mel.
No tempo de nossos pais, o crime mais cometido, com certeza era o furto de rosas em jardins de vizinhas idosas. Todo casal daquela época tinha tracejado em sua linda história de amor, em algum momento, uma bela espetada no dedo e uma vassourada e uma senhora fula da vida por pegar em flagrante de delito, um meliante de calça boca de sino e cabelo comprido mutilando uma roseira
Mais recentemente, nos anos finais da década de noventa, adolescência, últimos anos do colegial, ainda tropeçávamos em algum amigo grunge de camisa xadrez e cabelo na altura dos ombros segurando o violão, rompendo a noite com um sorriso no rosto por ter feito uma serenata para a namorada e ter arrancado a felicitação da sogra, e um resmungo de aprovação contrariada do sogro. Sabemos, o tempo muda, mudam-se os meios e até alguns propósitos.
O que não deveria mudar jamais, é o fato de que “O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um não contentar-se de contente, é dor que desatina sem doer.” Dificilmente nesse contexto social em que o mercado de trabalho devora as melhores horas da sua vida, a minha roupa ficará “suja de lama e a cachorra ta na cama” Na quatro por quatro, a gente não zoa mais. Às vezes me pego deslocado no espaço tempo.
Assumo que estou longe de ser um romântico a moda antiga, mas sei reconhecer que os métodos atuais de conquista não são mais os mesmos. Ainda no domingo à noite, passeando pelo Guarapiranga, tive um curto diálogo com duas lindas moças, uma que já conhecia, e a outra que tive o imenso prazer de conhecer. Fiz uso de uma frase, um jargão de funk: “Estou na pista pra negócio”. A moça que acabei de conhecer, mostrou-se um tanto assustada. Prontamente me justifiquei. Nessa frase, diferente dos tantos e tantas que dizem com modismo de baladas, eu quis dizer que uma relação é como administrar um negócio.
Você passa toda semana no banco, quita seus impostos, traça toda uma meta e ainda se atem muito aos recursos humanos. Trate sua amada com todo o respeito formal, carinho e devoção. E um torpedo dizendo como ela é linda e especial, nunca é demais meu amigo! Afinal, o que vale mais, o uísque, o energético e o bagulho ta sério, ou um bom vinho tinto e comida italiana, luz de velas e a mulher que vai esquentar seus pés nos próximos cinqüenta anos? Você sabe em que confiar meu caro!
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